Além do pulmão: 7 tipos de câncer ligados ao cigarro

Redação GBOT

10 de fevereiro de 2025

09:00

Além do pulmão: 7 tipos de câncer ligados ao cigarro
By Freepik

A princípio, o tabagismo é amplamente reconhecido como a principal causa do câncer de pulmão, o que faz sentido, já que fumar é responsável por 80% das mortes decorrentes desse tipo de tumor maligno em homens e mulheres no Brasil. Um estudo realizado por pesquisadores da Fundação do Câncer revelou, sobretudo, que a dependência da nicotina responde pelo percentual supracitado das mortes por câncer de pulmão em brasileiros. A pesquisa em questão foi apresentada em maio do ano passado durante o 48º encontro do Group for Cancer Epidemiology and Registration in Latin Language Countries Annual Meeting (GRELL 2024), realizado na Suíça. No entanto, o cigarro também está diretamente ligado ao desenvolvimento de outros tipos de câncer, muitos deles altamente agressivos.

Os perigos do cigarro

A 7ª edição do boletim info.oncollect, também publicado pela Fundação Câncer em novembro, identificou sete tipos de tumores associados ao cigarro. Todavia, a seleção levou em consideração a incidência dessas doenças no país e a relação direta com o consumo de tabaco. Portanto, os tipos de câncer relacionados ao cigarro incluem: cavidade oral, esôfago, estômago, cólon e reto, laringe, bexiga e colo do útero. Se somados, representam 17,2% dos 704 mil novos casos de câncer que foram estimados para o ano de 2024.

Leia mais – Tabagismo responde por 80% das mortes por câncer de pulmão no Brasil.

Em entrevista ao portal Drauzio, o consultor médico da Fundação do Câncer, Alfredo Scaff, explicou que os hábitos adquiridos nas décadas de 1980 e 1990 ainda refletem nos casos de câncer. “O câncer é uma doença que pode levar anos, ou até décadas, para se desenvolver. Naquela época, os homens fumavam muito mais do que as mulheres. Por isso, os casos de câncer atrelados ao tabagismo hoje são, em sua maioria, de pessoas que fumaram intensamente nesses períodos.”

Entretanto, o especialista ainda ressalta que esse cenário pode mudar nas próximas décadas. A partir dos anos 2000, o número de mulheres fumantes aumentou consideravelmente, o que pode impactar as estatísticas no futuro. “Acreditamos que, daqui a 20 ou 30 anos, essa diferença entre homens e mulheres desaparecerá. Contudo, o número de casos deve se equilibrar, pois o hábito de fumar passou a ser mais semelhante entre os dois sexos.”

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Sete tipos de câncer ligados ao tabagismo

Confira a incidência, mortalidade e letalidade dos principais cânceres associados ao tabaco no Brasil.

Câncer de cavidade oral

Esse tumor afeta o lábio e diversas regiões da boca. Em 2022, a taxa de incidência foi de 7,64 por 100 mil habitantes em homens e 2,61 em mulheres. Entre os homens, a incidência é maior no Sudeste, enquanto a mortalidade predomina no Sul. No Norte, a letalidade atinge 34%.

Câncer de esôfago

Esse tumor maligno afeta o esôfago, órgão do sistema digestório. No Brasil, a incidência é de 5,46 casos em homens e 1,43 em mulheres a cada 100 mil habitantes. A mortalidade é elevada, superando 80% na maioria das regiões.

Câncer de estômago

O tumor que afeta o revestimento interno do estômago tem uma incidência de 9,51 por 100 mil homens no Brasil, com previsão superior a 13 mil novos casos neste ano. Em 2022, a doença causou 9.171 mortes entre os homens. A região Norte lidera em incidência, mortalidade e letalidade.

Câncer de cólon e reto

Conhecido como câncer colorretal, afeta o intestino grosso e o reto. Em 2022, a doença resultou em 22.326 óbitos. A letalidade varia entre 40% e 60% no Brasil.

Câncer de laringe

Esse tumor ocorre na laringe, localizada entre a traqueia e a base da língua. Cinco vezes mais comum em homens, o câncer de laringe tem a letalidade estimada em 65%.

Câncer de bexiga

Em 2022, a mortalidade do tumor que afeta a bexiga foi de 2,41 para homens e 0,92 para mulheres a cada 100 mil habitantes. Em outras palavras, a maior letalidade foi registrada no Norte, atingindo 59% nos homens e 61% nas mulheres.

Câncer de colo do útero

Associado ao HPV e ao tabagismo, o câncer de colo do útero tem uma incidência de 13,25 por 100 mil mulheres no Brasil. O Norte apresenta as maiores taxas de incidência, mortalidade e letalidade. Nesse ínterim, a baixa cobertura vacinal contra o HPV é um fator agravante. Nesse sentido, o estudo direcionado da Fundação Câncer mostrou que a região Norte teve a menor cobertura vacinal completa entre 2013 e 2021, com apenas 50,2% das meninas entre 9 e 14 anos recebendo as duas doses.

Veja também – O cigarro não afeta apenas os pulmões! Descubra 7 tipos de câncer diretamente ligados ao tabagismo e entenda os riscos para a saúde.

Por outro lado, nos anos 1980, 45% da população brasileira fumava. Então, graças a campanhas e políticas públicas, essa taxa caiu para 12%. Apesar disso, 20 milhões de brasileiros ainda fumam, o que representa o dobro da população de Portugal.

Em suma, a conscientização sobre os danos do cigarro é essencial para reduzir os impactos do tabagismo na saúde pública. Logo, políticas eficazes e educação sobre os riscos podem salvar vidas e aliviar o sistema de saúde, prevenindo doenças evitáveis causadas pelo cigarro.

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