Estudos científicos dedicados ao tabagismo comprovam que fumar não é exclusivamente um hábito, no entanto, inclui o fumante em uma rotina viciosa de uso da nicotina, uma das drogas que provocam maior dependência física, sendo o cigarro o principal e atraente dispositivo para viabilizar seu consumo. O processo é rápido e danoso ao sistema respiratório: a pessoa coloca o cigarro na boca e aspira a fumaça que alcança os pulmões. Dos pulmões, a nicotina passa rapidamente para a circulação, espalha-se pelo corpo inteiro e atinge o cérebro onde exerce sua ação aditiva, chegando mais velozmente ao cérebro quando aspirada do que quando injetada na veia. Neste artigo, abordaremos sobre a influência do cigarro no aparelho respiratório.

Para o médico cancerologista e escritor, Drauzio Varella, todo fumante gostaria de deixar de fumar, ainda aquele desinteressado em largar o cigarro, mas que não consegue abandonar. Todavia, a crise de abstinência da nicotina ocorre em minutos e é mais difícil do que a de outros alcaloides, como os que existem na maconha, na cocaína e na heroína, que ainda permitem ao usuário ficar afastado por horas. A nicotina não dá trégua ao fumante. Para testificar essa afirmação, Drauzio exemplifica o caso de uma pessoa que permanece por duas horas no cinema. Quando as luzes se acendem, está tão desesperada para fumar que desconsidera os avisos e acende o cigarro ainda na sala de exibição. Assim, compreender a influência do cigarro no aparelho respiratório pode ajudar a qualquer pessoa na decisão por parar de fumar, a partir do momento em que as consequências provenientes do uso do tabaco são apresentadas.

Embora a pessoa que fuma tenha consciência sobre os prejuízos causados pelo cigarro à saúde, a exemplos do câncer, infarto, derrame cerebral, muitas vezes, ela ignora ou trata com indiferença as consequências danosas do tabaco no organismo. Há quem ainda acredite que os efeitos da dependência da nicotina sejam tardias e ocorram na velhice e, por isso, não encaram com tanta seriedade os resultados provocados pelo cigarro.

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A dependência da nicotina inicia na adolescência

Ação do cigarro no aparelho respiratório

Via de regra, a dependência da nicotina inicia na adolescência. A ciência explica que, quando a pessoa começa a fumar sofre com uma reação inflamatória provocada pela temperatura elevada da fumaça, queimando não somente os pulmões, mas toda a via aérea. A tosse acompanhada das baforadas dos principiantes confirma o referido fato. Em seguida, os sintomas desagradáveis ficam mais ausentes e progressivamente cresce o número de cigarros fumados num dia. A combustão resultante dessa agressão térmica gera partículas de oxigênio, os chamados radicais livres, que têm a capacidade de oxidar as estruturas celulares, destruindo a base arquitetônica dos pulmões.

Portanto, o cigarro lesa as vias respiratórias e, por isso, o revestimento interno do aparelho respiratório não suporta a toxicidade nem a alta temperatura da fumaça e começa a sofrer um processo de substituição de células. Dessa forma, a produção de muco aumenta muito em razão da capa protetora do tecido epitelial, que reveste as vias aéreas e pode ajudar a expelir os elementos irritantes que foram inalados. Nos brônquios, a fumaça também provoca uma reação inflamatória capaz de destruir progressivamente a árvore brônquica.

Todavia, já no dia em que o adolescente começa a fumar, e não tardiamente como muitos pensam, a integridade do aparelho respiratório fica comprometida por duas razões:

  1. A destruição dos alvéolos, o que caracteriza uma doença chamada enfisema pulmonar;
  2. A mudança da composição do revestimento dos brônquios, o que acaba levando à doença conhecida como bronquite.
    A integridade do aparelho respiratório fica comprometida

Efeitos e riscos da nicotina 

A ciência trabalha com a referência de que homens que fumam durante a vida adulta viverão 12 anos a menos que homens que não fumam. Mulheres viverão 11 anos a menos. É muito comum mulheres deixarem de fumar durante a gravidez, porém, depois do nascimento da criança, impelidas por condições ambientais de estresse ou pelas dificuldades relacionadas ao pós-parto, voltam a fumar. Nesse cenário, abandonar o cigarro entre os 50 e 60 anos eleva a expectativa de vida em cerca de quatro anos em relação a continuar de fumar.

Pessoas com doença coronariana tendem a superar a dependência de nicotina com maior facilidade, até mesmo pelo cuidado que a situação da enfermidade exige. Além disso, quando tomam consciência do risco de um acidente vascular fatal em detrimento do uso do cigarro, deixam de fumar. No entanto, nem todas as pessoas com doença coronariana largam o cigarro.

Embora o cigarro enquanto fator de risco para a doença coronariana venha sendo pouco discutido entre categorias como a classe médica, por exemplo, há exames capazes de comprovar a ação do tabaco como um poderoso vasoconstritor. Especificamente, não são somente as coronárias que se fecham; contraem-se todas as artérias do corpo, entre elas as artérias cerebrais e as que vão para o pênis, por exemplo. Por isso, além de infartos e derrames, o tabaco é responsável pelo comprometimento da potência sexual.

Benefícios para quem decide parar de fumar

Estudos com gêmeos univitelinos (idênticos) demonstraram que a função pulmonar do fumante apresenta sempre alterações importantes não encontradas no irmão que não fuma. Contudo, os impactos negativos do cigarro no sistema respiratório crescem de forma significativa, não sendo mais o somatório do tempo inalando a nicotina.

No contraponto, são inúmeros os benefícios para quem decide largar o cigarro. Ainda que não seja possível regredir doenças ocasionadas pelo cigarro, considerando que as áreas pulmonares destruídas pelo enfisema não voltarão a ficar sadias, existe uma melhora funcional no quadro clínico de uma pessoa que deixa de fumar após cinco anos, por exemplo, independentemente da idade do paciente.

Os ganhos de quem escolhe eliminar o cigarro da rotina não se limitam ao aparelho respiratório. O paladar e olfato melhoram consideravelmente. No geral, quem fuma não consegue apreciar em absoluto o sabor dos alimentos, nem sentir cheiros em razão da boca e do nariz estarem impregnados de fumaça.

Gostou deste artigo? Esperamos que você tenha conhecido um pouco mais sobre a influência do cigarro no aparelho respiratório.

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**Informações científicas extraídas e adaptadas da Edição revista e atualizada e da entrevista com o médico pneumologista, Dr. Daniel Deheinzelin, no portal do médico cancerologista e escritor, Drauzio Varella.