O sono desempenha um papel importante na saúde física e mental dos seres humanos. Além disso, embora muitos pacientes com câncer possam enfrentar distúrbios do sono, dormir adequadamente é fundamental para o tratamento. Nesse artigo vamos descobrir por que o sono é tão importante no contexto oncológico e quais as principais estratégias para melhorar a qualidade do sono.

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Como o sono afeta o Tratamento do Câncer?

As evidências mostram que um sono inadequado é associado a um aumento no risco de desenvolver câncer e pode afetar adversamente o tratamento e a qualidade de vida do paciente. De acordo com a estatística apresentada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), o número aproximado de casos novos de câncer de traqueia, brônquios e pulmão previstos para o Brasil, até 2025, é de 32.560 casos. Esse volume traduz o risco superior a 15 casos por 100 mil habitantes, sendo 18.020 situações decorrentes entre os homens e 14.540 entre as mulheres.

Uma das principais questões associadas ao sono inadequado é o aumento dos níveis de cortisol – o hormônio do estresse – o que pode levar a uma maior produção de radicais livres e consequentemente a danos às células cancerígenas. O mesmo efeito pode ocorrer em células cancerígenas já estabelecidas, o que pode levar a um teórico aumento de risco de resistência ao tratamento.

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Além disso, o sono insuficiente e de baixa qualidade pode interromper o processo de restauração do organismo, pois o tratamento do câncer exige que o paciente esteja descansado para ajudar a recuperar os tecidos e as células danificadas. A falta de sono também pode levar à fadiga, depressão e outros problemas.

Qualidade de sono como Prevenção 

Nem sempre um tumor maligno é prevenível, pois o desenvolvimento de alguns são relacionados a questões genéticas, que correspondem a cerca de 5% a 10% dos casos de câncer, de acordo com o INCA. Por outro lado, existem fatores de risco que podem ser controlados para reduzir a probabilidade de desenvolver a doença. Entre eles estão: tabagismo; sedentarismo; obesidade; má alimentação; consumo excessivo de bebida alcoólica; exposição à radiação e ao sol sem proteção.

Portanto, dormir bem é um hábito diário que pode ajudar no controle de alguns desses fatores de risco: quem dorme menos tem mais chance de se tornar uma pessoa obesa. Uma noite mal dormida aumenta a produção de grelina, que é o hormônio estimulante da fome. Com o aumento do apetite, a maior ingestão calórica pode levar à obesidade. Por outro lado, uma noite de sono tranquila favorece a produção e liberação de hormônios que ajudam na eliminação de gordura corporal.

Dessa forma, o sedentarismo também pode ser combatido com a ajuda da qualidade de sono. Afinal, quem não se sente mais motivado e bem-disposto para praticar atividades físicas quando está descansado? Porém, recomenda-se não fazer exercícios intensos perto da hora de dormir, uma vez que podem atrapalhar o adormecer. À noite, prefira algo mais leve, como yoga e caminhada.

No entanto, o papel da qualidade de sono na prevenção do câncer não para por aí. Um estudo publicado na revista científica Journal of Pineal Research e realizado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) revelou que os baixos níveis de melatonina, hormônio regulador do sono, podem estar associados ao desenvolvimento de tumores. Inclusive, ensaios clínicos têm demonstrado a efetividade de terapias com o uso dessa substância no combate ao câncer.

O Câncer afeta o Sono?

Ao mesmo tempo que o cuidado com o sono é considerado um fator preventivo para o câncer, muitos pacientes nesta condição enfrentam obstáculos para dormir ou sentem muita sonolência durante o dia. As razões são inúmeras e vão desde preocupações com a doença até os efeitos colaterais associados aos tratamentos.

Apesar disso, é comum que o paciente oncológico sinta um cansaço excessivo que não melhora mesmo com uma noite de sono. Conhecida como “fadiga do câncer”, essa condição faz com que pequenas tarefas sejam difíceis de executar, prejudicando a rotina, a vida social e os relacionamentos do indivíduo.

Pacientes com Câncer podem dormir melhor

No decorrer do tratamento, é imprescindível o acompanhamento de um médico especialista do sono para atuar coletivamente com os demais especialistas: oncologistas, nutricionistas e psicólogos. Desse modo, a orientação de um profissional qualificado é fundamental para indicar a melhor alternativa para cada situação de tratamento, a partir da avaliação do quadro de saúde de cada paciente.

Quais são as alternativas para tratar a Qualidade do Sono?

São muitas as maneiras de melhorar a qualidade do sono. A seguir, algumas estratégias que podem ajudar os pacientes com câncer a dormir de maneira adequada:

  1. Estabeleça um horário para se deitar e acordar todos os dias, incluindo dias de folga. Isso ajudará o corpo a criar hábitos de sono saudáveis.
  2. Evite telas de computador, televisão e telefone antes de dormir. A luz destas telas estimula a produção de cortisol, que impede o sono profundo.
  3. Pratique atividades relaxantes antes de dormir: yoga, meditação ou exercícios de respiração são ótimas maneiras de relaxar e preparar o corpo para dormir.
  4. A ingestão de alimentos saudáveis ajuda a promover um sono saudável.
  5. Mantenha o quarto escuro e frio para promover o sono. Não foque no relógio.
  6. Exercite-se: o exercício estimula a produção de endorfinas, que ajudam a melhorar a qualidade do sono.
  7. Acalme a sua mente: o estresse e a ansiedade podem causar um sono interrompido. Pratique técnicas de relaxamento e respiração para acalmar os pensamentos.

Em síntese, dormir bem é essencial para o tratamento dos pacientes com câncer, além de ser importante para a prevenção. O sono adequado ajuda o corpo a se recuperar e a se fortalecer para enfrentar as consequências do tratamento, além de aumentar a chance de cura. Se você está enfrentando distúrbios do sono relacionados ao câncer, lembre-se de seguir as estratégias acima para melhorar a qualidade do seu sono e ter mais energia para lutar a doença.