A importância da linha de cuidado para câncer hereditário no SUS

Redação GBOT

30 de dezembro de 2024

08:00

O câncer hereditário, que acomete indivíduos com predisposição genética devido à herança de mutações específicas, representa uma preocupação crescente para a saúde pública no Brasil. Dessa forma, com a evolução dos estudos na área da oncogenética, a criação de uma linha de cuidado integral para pessoas com predisposição ao câncer hereditário no Sistema Único de Saúde (SUS) se torna cada vez mais uma prioridade. Contudo, pesquisadores e especialistas na área destacam a necessidade urgente de ações preventivas, a implantação de testes genéticos e o incentivo a mais estudos nacionais para garantir a eficiência e a efetividade no tratamento desses casos.

O Desafio do Câncer Hereditário

De acordo com Miguel Moreira, pesquisador da Coordenação de Pesquisa e Inovação do Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 10% dos casos de câncer no Brasil têm origem hereditária, correspondendo a aproximadamente 50 mil casos anuais. Isso significa que um número considerável de pessoas está em risco de desenvolver tipos específicos de câncer devido à predisposição genética.

No entanto, a grande questão não é apenas identificar quem tem essa predisposição, mas também estabelecer quais indivíduos, mesmo com histórico familiar, não possuem essa variante genética, evitando, assim, tratamentos desnecessários e custos adicionais para o sistema de saúde. Então, compreender essas diferenças dentro de um mesmo núcleo familiar é determinante, tanto para a saúde pública quanto para os pacientes, pois viabiliza direcionar cuidados específicos e evitar diagnósticos errados.

Prevenção e Testes Genéticos: o papel da Oncogenética

Pesquisadores como Roberto Gil, do INCA, destacam a importância de soluções preventivas para predisposição hereditária ao câncer. Segundo ele, essas medidas são essenciais tanto para prevenir o desenvolvimento da doença quanto para diagnosticá-la precocemente, aumentando as chances de cura.

A importância da linha de cuidado para câncer hereditário no SUS
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Nesse contexto, os especialistas defendem que, além da identificação precoce, a prevenção deve ser o pilar central no combate ao câncer hereditário. Entretanto, a realização de testes genéticos, considerada uma ferramenta inicial indispensável, permite identificar com maior precisão indivíduos com alto risco de desenvolver determinados tipos de câncer. No entanto, o simples uso de testes genéticos não é suficiente para garantir o sucesso no controle do câncer. Portanto, é necessário um modelo de cuidado integral, que envolva o acompanhamento médico contínuo, tratamentos preventivos e, quando necessário, intervenções precoces.

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Custo-efetividade e a Implementação no SUS

Outro aspecto que merece atenção é a custo-efetividade dessa abordagem no SUS. Ao investir em prevenção e testes genéticos, é possível reduzir os custos a longo prazo com tratamentos mais agressivos e intervenções tardias. Investir em uma linha de cuidado específica evitaria erros diagnósticos e otimizaria recursos de saúde.

Segundo Luiz Felipe Ribeiro Pinto, do INCA, é essencial investir em pesquisas nacionais para entender melhor as características genéticas dos brasileiros. “A pesquisa precisa ser voltada para as especificidades do nosso povo, pois, muitas vezes, quem importa dados acaba com as mãos vazias”, explicou Pinto.

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Logo, a criação de uma linha de cuidado no SUS para câncer hereditário é um avanço na prevenção e tratamento. Priorizando a oncogenética e o cuidado personalizado, o SUS garantirá eficiência, humanidade, economia e melhor qualidade de vida. Assim, a implementação dessas práticas, no entanto, depende de um esforço contínuo de pesquisa, capacitação e integração entre os diversos níveis de cuidado no SUS.

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