Antes mesmo de explorarmos o campo da oncologia torácica – uma área da medicina que trata dos tumores de pulmão e outros tipos de câncer das vias respiratórias e do mediastino, ou seja, toda a região entre os pulmões -, é imprescindível pincelarmos sobre o câncer de forma mais genérica, que consiste no crescimento desordenado e anômalo de células que, dividindo-se rapidamente, geram tumores em determinada área do corpo, podendo migrar para outras regiões (metástases), comprometendo tecidos e órgãos. Falar sobre a doença é trazer ao centro dessa conversa mais de 200 tipos, classificados em:

  1. Carcinomas: são tumores em tecidos epiteliais, alojados na pele ou mucosas;
  2. Sarcomas: tumores situados em regiões como osso, músculo ou cartilagem;
  3. Leucemias: presente no tecido em que produz o sangue, ou seja, na medula óssea;
  4. Linfomas: aqui, o câncer se desenvolve em células do sistema imunológico;
  5. Câncer do Sistema Nervoso Central: o tumor habita em tecidos do cérebro e da medula espinhal.

Existem outros subtipos de câncer, contudo, sem dúvidas, estes são os mais frequentes na prática clínica diária.

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O diagnóstico na oncologia torácica é o começo de tudo. Inicialmente um exame físico minucioso e uma história clínica completa chegamos a solicitação de exames, como a tomografia computadorizada, ressonância magnética, PET-CT biópsia e avaliações moleculares. Com isso os oncologistas conseguem determinar o tipo e estágio do câncer, sugerindo o tratamento adequado ao paciente.

Quimioterapia e Radioterapia na oncologia torácica

A quimioterapia consiste uso de medicamentos potentes que auxiliam na eliminação das células cancerosas. De maneira acelerada, as células se multiplicam no organismo, formando o tumor. Os medicamentos se misturam à corrente sanguínea e são conduzidos às partes do corpo, acabando com as células doentes, evitando que se espalhem. A quimioterapia funciona lesando diretamente as células, o que acaba lesando, também, células normais.

As drogas quimioterápicas são disponibilizadas para o tratamento de múltiplas neoplasias. A quimioterapia pode ser realizada em caráter isolado ou em combinação com outras condutas, tais como: cirurgia, radioterapia e outras abordagens para combater o câncer.

Todavia, em casos específicos, determinados medicamentos quimioterápicos tendem a provocar sensações diversas, a exemplos da ardência, do desconforto, das placas avermelhadas na pele, coceira e queimação, embora os efeitos contrários sejam possíveis de controlar.

A radioterapia, por sua vez, tem o poder de direcionar a radiação ionizante para controlar as células tumorais, controlando as dores ocasionadas por determinados tipos da doença, como também reduzir o tamanho de tumores maiores, que estejam comprimindo algum órgão.

Entretanto, algumas células saudáveis podem ser atingidas no processo da radioterapia, ainda que com baixa intensidade. O organismo ganha ainda mais tempo para se fortalecer novamente, apresentando elevada capacidade de recuperação nas sessões fragmentadas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em torno de 60% dos pacientes diagnosticados com câncer passarão pela radioterapia em determinada fase do tratamento.

Tratamentos da oncologia torácica

As duas condutas existem na tentativa de reduzir a capacidade da célula cancerosa de se reproduzir, contudo são tratamentos bem distintos. Os medicamentos utilizados na quimioterapia alcançam as células do organismo, quando levados pelo sangue. Do lado contrário, a radioterapia pratica a radiação ionizante direcionada às áreas onde é aplicada. Este tratamento é mais indicado, em boa parte dos casos, para controlar a doença local ou regional.

Terapia – Alvo

Esse tratamento oncológico utiliza medicamentos que atuam em determinadas alterações moleculares das células tumorais, atacando genes e proteínas presentes no crescimento e na sobrevivência das células cancerosas de um tumor específico. Pacientes que apresentem as alterações denominadas de “alvo” podem realizar o tratamento, que é bastante eficaz.

Imunoterapia

Esse tratamento consiste na infusão de drogas pelo sangue que não atuam diretamente nas células tumorais, mas que conseguem acionar as células de defesa do organismo para que estas, sim, ataquem o câncer. No processo de desenvolvimento do câncer as células malignas aprendem a evadir o sistema imunológico, e assim permitem o desenvolvimento do tumor. A imunoterapia foi uma das revoluções na oncologia torácica, e consiste numa arma fundamental, assim como a terapia alvo, no arsenal do tratamento adequado dos pacientes.

Cirurgia

Se o médico indicar cirurgia, é necessário verificar a função pulmonar, que confere se o paciente ainda apresenta tecido pulmonar funcional satisfatório após o procedimento. Seguido disso, outros exames constatarão a função cardíaca e de demais órgãos, para admitir que a pessoa possui condições físicas adequadas para a cirurgia. Alguns tipos de cirurgias tratam e, em casos especiais, respondem positivamente ao câncer de pulmão, independentemente do tipo apresentado.

Cuidados Continuados

Primordialmente, os cuidados continuados recebem suporte do médico especialista, nutricionista, psicólogo, enfermeira e outros profissionais que trabalham em uma mesma clínica, mas em diferentes atuações. Essa conduta é essencial para proporciona alívio ao sofrimento do paciente, seja de natureza física, psicológica, social ou espiritual.

A ciência já comprovou que esta abordagem evolui a qualidade de vida do paciente e dos acompanhantes, que lidam com ele em questões associadas à doença, bem como previne e ameniza o sofrimento através da identificação precoce, avaliação adequada e tratamento da dor de quem esgotou todas as possibilidades para combater à doença.

Em outras palavras, a decisão da equipe multidisciplinar da saúde pelo tratamento recomendado, ideal para combater a enfermidade transcende a eliminação das células cancerosas, mas envolve o cuidado com a mente e o espírito do paciente. Além disso, a presença constante de amigos e familiares no acompanhando das boas e más notícias durante as consultas, sessões de quimio e radio com seus possíveis efeitos adversos, é imprescindível para o paciente continuar firme e otimista nessa jornada.