13% dos cânceres têm como causa infecções por vírus e bactérias

Redação GBOT

20 de janeiro de 2025

08:00

O câncer é uma doença multifatorial, influenciada por fatores como predisposição genética, hábitos de vida e condições ambientais. De acordo com o mais recente relatório da American Association for Cancer Research (Associação Americana para Pesquisa do Câncer, em tradução livre), divulgado em 18 de setembro deste ano, infecções por esses agentes correspondem a 13% dos casos de câncer em nível global. Por outro lado, esses microrganismos têm o potencial de causar alterações celulares que favorecem o surgimento de tumores, tornando a prevenção e o diagnóstico precoce essenciais para diminuir os riscos da doença a partir das infecções, como vírus e bactérias.

13% dos cânceres têm como causa infecções por vírus e bactérias
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Dessa forma, vírus como o HPV (papilomavírus humano), as hepatites B e C e o EBV (vírus Epstein-Barr) estão entre os mais reconhecidos por sua ligação com o câncer. Por isso, essas infecções não apenas comprometem o sistema imunológico, mas também provocam mutações genéticas que podem levar à formação de tumores malignos. Entretanto, a vacinação contra o HPV, por exemplo, demonstrou ser uma medida preventiva extremamente eficaz, reduzindo significativamente a incidência de cânceres como o de colo do útero e o de garganta em populações imunizadas.

Infecções: a relação entre vírus e o câncer

Por outro lado, o papel das bactérias, como a Helicobacter pylori, também é amplamente reconhecido, especialmente no desenvolvimento do câncer gástrico. Presente em populações de países em desenvolvimento, essa bactéria está associada a condições como gastrite e úlceras, que podem evoluir para tumores se não tratadas adequadamente. Todavia, a erradicação do H. pylori por meio de terapias específicas tem demonstrado um impacto positivo na redução da incidência de câncer em regiões de alto risco.

De antemão, a relação entre infecções e câncer reforça a importância de políticas públicas voltadas para a saúde preventiva. Além de promover a vacinação e o tratamento precoce, é fundamental implementar programas educativos para conscientizar a população sobre os riscos das infecções crônicas e sua ligação com o câncer. Do mesmo modo, a integração de esforços no combate a esses agentes infecciosos é imprescindível para reduzir o impacto global da doença e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

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A princípio, entre os vírus mais conhecidos por sua associação com o câncer, o papilomavírus humano (HPV) ocupa um papel de destaque. Contudo, esse vírus está intimamente ligado ao câncer de colo do útero, garganta e ânus. A boa notícia é que a vacinação contra o HPV pode reduzir em até 90% a incidência desses tipos de câncer em populações vacinadas antes da exposição ao vírus.

Outro exemplo importante é o vírus Epstein-Barr (EBV), associado ao linfoma de Burkitt e ao carcinoma nasofaríngeo. Já os vírus das hepatites B e C estão entre os principais causadores de câncer de fígado, enquanto o HTLV-1 e o HIV também elevam o risco de cânceres raros e agressivos, devido à imunossupressão.

A contribuição das bactérias no desenvolvimento de tumores

Em outras palavras, no caso das bactérias, o papel da Helicobacter pylori se destaca como um fator de risco significativo para o câncer gástrico. Essa bactéria provoca inflamação crônica na mucosa estomacal, levando ao surgimento de lesões pre-cancerosas. Felizmente, tratamentos eficazes para a erradicação do H. pylori têm demonstrado reduzir consideravelmente os casos de câncer gástrico, especialmente em regiões onde a infecção é mais prevalente, como partes da América Latina, Ásia e África Subsaariana.

Como o H. pylori aumenta o risco de câncer gástrico

A inflamação causada pela presença do H. pylori provoca uma cascata de eventos celulares prejudiciais, incluindo:

1.Aumento do estresse oxidativo, que danifica o DNA das células da mucosa gástrica.
2.Alterações na resposta imunológica local, favorecendo a persistência da infecção e a disfunção celular.
3.Produção de toxinas bacterianas, que interferem diretamente nos processos reguladores das células, aumentando o risco de mutações.

Esses fatores, combinados, criam um ambiente propício ao desenvolvimento de lesões malignas ao longo do tempo.

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Desafios globais na erradicação da bactéria

Nesse sentido, estima-se que mais de 50% da população mundial seja portadora do H. pylori, embora nem todos desenvolvam complicações graves. Então, a prevalência é particularmente alta em regiões da Ásia, América Latina e África Subsaariana, onde condições sanitárias precárias e o acesso limitado a tratamentos preventivos contribuem para a disseminação da bactéria e a alta incidência de câncer gástrico.

Embora existam condutas bem direcionadas, desafios como resistência antimicrobiana, falta de acesso a cuidados médicos e diagnóstico tardio ainda limitam, sobretudo, os avanços em regiões mais vulneráveis. Por isso, campanhas de conscientização e programas de saúde pública voltados para o rastreamento e tratamento da infecção são determinantes para mudar essa realidade.

Estratégias de prevenção e controle do câncer

Prevenir o câncer relacionado a infecções requer ações integradas, que incluem:

  • Vacinação: Imunizações como as contra HPV e hepatite B são ferramentas poderosas para reduzir a incidência de cânceres associados a esses vírus.
  • Tratamento de infecções crônicas: Erradicar bactérias como o H. pylori é crucial para reduzir o risco de câncer gástrico.
  • Educação em saúde pública: Campanhas de conscientização ajudam a informar as populações de risco sobre formas de prevenção e a importância do diagnóstico precoce.
  • Monitoramento de populações vulneráveis: Identificar grupos com maior probabilidade de infecção permite a implementação de programas direcionados de saúde.

Quais vírus e bactérias estão ligados ao câncer?

Vírus:

HPV (Papilomavírus humano): Associado a cânceres de colo do útero, garganta, ânus e pênis.
Hepatites B e C: Responsáveis pela maioria dos casos de câncer de fígado.
EBV (Vírus Epstein-Barr): Relacionado a linfomas e câncer nasofaríngeo.
HTLV-1: Ligado a um tipo raro de leucemia.
HIV: Aumenta o risco de sarcoma de Kaposi e linfomas por comprometer o sistema imunológico.

Bactérias:

Helicobacter pylori: Responsável por gastrites crônicas e úlceras, é um dos maiores fatores de risco para o câncer gástrico.

Logo, vírus e bactérias podem alterar o DNA das células hospedeiras, comprometendo os mecanismos de controle de crescimento celular. Logo, infecções crônicas desencadeiam inflamações persistentes, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento de tumores. Em suma, adotar medidas preventivas são decisivas para reduzir a incidência de câncer e promover uma saúde pública mais integrada.

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