Com os avanços substanciais no tratamento do câncer de pulmão, a terapia alvo surge como uma alternativa pioneira e promissora para os pacientes que necessitam de tratamentos direcionados para enfrentar a doença. Hoje, é essencial realizar exames imuno-histoquímicos e moleculares para identificar as alterações específicas de cada tipo de tumor e determinar o acompanhamento apropriado, incluindo o uso da técnica de sequenciamento de nova geração (NGS). Desse modo, o NGS possibilita um diagnóstico mais preciso do subtipo do câncer encontrado, permitindo assim a seleção da melhor terapia para cada caso. Neste artigo, abordaremos a terapia alvo, explicando como ela funciona e quando os médicos devem utilizá-la no tratamento do câncer de pulmão.

O que é terapia alvo?

A terapia alvo é uma forma de tratamento que se concentra em características específicas das células cancerígenas, como proteínas ou genes, que ajudam essas células a crescer e se espalhar. Ao contrário da quimioterapia convencional, que ataca todas as células que estão se dividindo rapidamente (incluindo células saudáveis), a terapia alvo se direciona apenas para as células cancerígenas que possuam uma determinada alteração molecular, que é pesquisada nos testes moleculares.

Como funciona a terapia alvo no câncer de pulmão?

Os médicos geralmente direcionam a terapia alvo para mutações genéticas específicas que estão presentes nas células cancerígenas do câncer de pulmão. Por exemplo, mutações no gene EGFR (receptor do fator de crescimento epidérmico) acometem até 25% dos pacientes brasileiros com câncer de pulmão não pequenas células. Os médicos podem usar medicamentos de terapia alvo, como os inibidores de tirosina quinase, para bloquear a atividade desse gene mutado, impedindo assim o crescimento das células cancerígenas.

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Além disso, outros alvos moleculares no câncer de pulmão incluem mutações no gene ALK, ROS1, entre outros. O desenvolvimento de medicamentos direcionados a essas mutações revolucionou o tratamento do câncer de pulmão, oferecendo opções mais eficazes e com menos efeitos colaterais.

Quando utilizar terapia alvo no tratamento?

A decisão de usar a terapia alvo no câncer de pulmão depende do tipo e estágio do câncer, além da presença de mutações genéticas específicas. Normalmente, os médicos realizam testes genéticos para identificar quaisquer mutações que possam ser alvos terapêuticos. É imprescindível que os testes sejam realizados de maneira correta para todos os pacientes que possuam a indicação.

Se encontrarmos uma mutação genética e houver um medicamento de terapia alvo disponível, podemos incluir a terapia alvo no plano de tratamento. Entretanto, nem todos os pacientes com câncer de pulmão têm mutações genéticas que respondem à terapia alvo, e nem todos são candidatos a esse tratamento. Isto varia de caso a caso, uma vez que as neoplasias do pulmão são dotadas de várias características individuais em cada paciente.

A terapia alvo é aplicável em várias fases do tratamento do câncer de pulmão, como tratamento inicial, terapia adjuvante pós-cirurgia ou em segunda linha após falha da quimioterapia.

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Em suma, a terapia alvo representa uma abordagem satisfatória no tratamento deste tipo de câncer, oferecendo opções mais direcionadas e menos tóxicas para os pacientes. Entretanto, sua eficácia depende da identificação precisa das mutações genéticas que impulsionam o crescimento do câncer e da disponibilidade de medicamentos para combater essas mutações. Entretanto, é importante realizar testes genéticos abrangentes em pacientes com câncer de pulmão para determinar a melhor abordagem. Com os avanços na compreensão da biologia do câncer e no desenvolvimento de novos medicamentos, a terapia-alvo continuará sendo crucial para o tratamento dessa doença.