As crianças que convivem com fumantes têm a saúde prejudicada? Infelizmente, a resposta é sim. Um estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde), que envolveu 700 milhões de jovens de todo o mundo que moram com tabagistas, revelou que elas apresentaram aumento de incidência de uma série de complicações, tais como síndrome da morte súbita infantil, infecções do ouvido médio, exacerbação de asma, pneumonia e bronquite.

Como se já não bastasse, o estudo da OMS também apontou que as crianças que convivem com fumantes têm maior probabilidade de desenvolvimento de doença cardiovascular na idade adulta, bem como câncer de pulmão. Nas situações em que a mãe é usuária de cigarro, projeta-se uma chance maior em relação a infecções respiratórias e de ouvido médio em comparação com os casos em que a genitora não é fumante.

Crianças que convivem com fumantes desde à gestação

Você sabia que os problemas de saúde relacionados a crianças que convivem com fumantes começam desde à gestação? Um estudo publicado no European Journal of Preventive Cardiology apontou que futuros pais que permitem o contato de suas parceiras grávidas à fumaça do tabaco expõem os bebês a riscos de problemas do coração.

Isso ocorre porque os cigarros são compostos por centenas de produtos químicos tóxicos, substâncias nocivas capazes de prejudicar a saúde de um feto, bem como o crescimento normal e o desenvolvimento do bebê. O tabagismo passivo também aumenta as chances de a criança nascer prematuramente, natimorta ou com outras incapacidades.

homem fumando na janela
Mesmo nas situações de pouca convivência com tabagistas, inalar a fumaça é extremamente prejudicial/Foto: Sabine R/Unsplash

Talvez você não saiba, mas oito em cada mil bebês nascidos em todo o mundo são assolados por problemas cardíacos congênitos, que são a principal causa de morte fetal. É bem verdade que a qualidade dos tratamentos medicinais cresceu consideravelmente nas últimas décadas, contudo, muitas dessas complicações podem durar por toda a vida do indivíduo.

Nesse sentido, já está mais que comprovado que pessoas com problemas respiratórios, mulheres gestantes, crianças, idosos e animais são muito vulneráveis à fumaça do cigarro. Mesmo nas situações de pouca convivência com tabagistas, inalar a fumaça é extremamente prejudicial.

Tabagismo passivo: como funciona

O tabagismo passivo pode ser definido como a inalação da fumaça exalada pelo tabaco por não-fumantes. Funciona assim: ao invés de se dispersar, a fumaça do cigarro tende a ficar suspensa no ar. Embora a quentura suba, a fumaça rapidamente esfria, o que a impede de ganhar elevação – e por ela ser mais pesada que a atmosfera, logo começa a descer.

As duas vias básicas do tabagismo passivo são:

– Fumaça da corrente principal: é emitida pelo fumante;
– Fumaça lateral: é proveniente do lado aceso do cigarro, cachimbo ou charuto.

Você sabia?

De acordo com dados da OMS, o tabaco leva à óbito, anualmente, cerca de sete milhões de pessoas em todo o mundo, das quais 890 mil são fumantes-passivos.

Mitos sobre o tabagismo passivo

Em tempos de fake news, sobretudo na internet, muitas informações equivocadas acabam compartilhadas em relação ao tabagismo passivo. Um dos mitos mais frequentes é que se houver restrição do uso de cigarro a apenas um cômodo da casa, as demais pessoas que habitam a residência estarão seguras.

Na verdade, é ineficiente limitar o uso de cigarro a um ou dois cômodos da casa, haja vista que a fumaça do tabaco passa, facilmente, pelos demais ambientes da residência através de janelas e frestas. Por isso é fundamental evitar fumar em qualquer espaço de convivência, tais como salão de festas do prédio, elevadores, garagem ou pátio. Não consumir tabaco no carro também é muito importante, uma vez que os demais ocupantes ficam expostos à fumaça mesmo quando os vidros estão abertos.

mulher fumando em degraus da escada
Há evidências crescentes de que a fumaça proveniente do tabaco potencializa diversos tipos de cânceres/Foto: Rafał Opalski/Unsplash

Outros cânceres

Outro mito muito comum é o de que o fumo passivo pode causar câncer de pulmão, mas não atinge outras partes do organismo. Ao invés disso, há evidências crescentes de que ele potencializa o risco de diversos cânceres, entre os quais: de garganta, laringe, do seio nasal e de mamas. Problemas respiratórios também podem ser agravados em decorrência da inalação de fumaça de tabaco por não-fumantes.

Neste artigo, procuramos demonstrar que as crianças que convivem com fumantes, desde à gestação, correm sérios riscos em relação à saúde. O tabagismo passivo é um problema sério e de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, todavia, pode ser solucionado com mais conscientização e leis eficazes, devidamente fiscalizadas.

Caso você seja fumante, procure ajuda para largar o cigarro. A sua saúde – bem como a das pessoas que convivem com você – agradecem.

Perguntas frequentes

  • As crianças que convivem com fumantes têm a saúde prejudicada?

Sim. Um estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde), que envolveu 700 milhões de jovens de todo o mundo que moram com tabagistas, revelou que elas apresentaram aumento de incidência de uma série de complicações, tais como síndrome da morte súbita infantil, infecções do ouvido médio, exacerbação de asma, pneumonia e bronquite.

  • As crianças que convivem com fumantes têm maior probabilidade de desenvolvimento de doença cardiovascular?

Sim. Tanto de doença cardiovascular como de câncer de pulmão. Nas situações em que a mãe é usuária de cigarro, projeta-se uma chance maior em relação a infecções respiratórias e de ouvido médio em comparação com os casos em que a genitora não é fumante.

  • Se houver restrição do uso de cigarro a apenas um cômodo da casa, as demais pessoas que habitam a residência estarão seguras?

Não. É ineficiente limitar o uso de cigarro a um ou dois cômodos da casa, haja vista que a fumaça do tabaco passa, facilmente, pelos demais ambientes da residência através de janelas e frestas.

  • O câncer de pulmão é o único risco associado ao tabagismo passivo?

Não. Há evidências crescentes de que ele potencializa o risco de diversos cânceres, entre os quais: de garganta, laringe, do seio nasal e de mamas. Problemas respiratórios também podem ser agravados em decorrência da inalação de fumaça de tabaco por não-fumantes.