Autores: Michaela A. Dinan, Lesley H. Curtis, William R. Carpenter, Andrea K. Biddle, Amy P., Abernethy, Edward F. Patz Jr, Kevin A. Schulman, and Morris Weinberger.

Comentado por: Adelina Sanches, Diana Solano e Carolina Cruz
Médicas Nucleares do serviço de Medicina Nuclear do Hospital Português.
O presente artigo pretende fazer correlação entre os 6 anos iniciais da liberação do uso ampliado do PET (tomografia por emissão de pósitrons) para usuários Medicar e com neoplasia de pulmão não pequenas células (NPNPC) e possíveis alterações de estadiamento e de sobrevida desses pacientes. Chama atenção de início o grande número de pacientes levantados, o que poderia trazer poder estatístico aos achados.

O artigo, a nosso ver, possui muitas limitações. Em 1º lugar, cabe ressaltar que nesses anos (1998 a 2003), a tecnologia existente era PET sem tomógrafo acoplado, o que reduz sobremaneira a acurácia global do método, ainda assim sem tirar seus méritos, muitos demonstrados em artigos publicados naquela época.
Tenta-se sugerir que não houve ganho de sobrevida significativo na amostra mesmo com aumento significativo de estudos de PET realizados no período. Entendemos que essa correlação é fraca, uma vez que melhora de sobrevida não depende apenas de um método diagnóstico, mas sobretudo das características da amostra e de tratamentos capazes de trazer benefício (o que não ocorria na época, uma vez que as drogas mais recentes que trouxerem beneficio de sobrevida têm apenas 10 anos no mercado, como pemetrexed, gefitinibe, erlotinibe dentre outras).
Os pacientes estudados não eram de estadios baixos o suficiente para se beneficiarem de um tratamento mais agressivo, visto que tratava-se de uma população de idosos com doença avançada em sua maioria (apenas em média 35% da amostra tinha doença estádios I a IIIa). Além disso não é possível ter certeza de que mesmo o PET mudando o estádio, a conduta fora mudada, haja vista que durante os anos iniciais da introdução de uma tecnologia, a comunidade científica precisa aguardar, e com razão, estudos bem fundamentados, que corroborem mudança sem práticas previamente bem estabelecidas, para então prestar o seu reconhecimento.

Em nosso entendimento, existem vários estudos que mostram mudanças de conduta em até 40% dos pacientes com câncer de pulmão quando estadiados com PET/CT, que podem ter seu prognóstico melhor caracterizado e fazer uso de terapias mais adequadas, evitando procedimentos invasivos desnecessários,o que também traz redução global dos custos. Alguns estudos sugerem que fazer um PET ou PET/CT pode melhorar a sobrevida dos pacientes sim. Mas isso só se pode mostrar quando comparamos estadiamento por métodos convencionais versus PET/CT, em pacientes com estádios semelhantes e com acesso a terapias semelhantes. Não vemos como possível essa avaliação através de estudos populacionais, como no artigo citado, onde o excesso de variáveis (amostrais e temporais) torna a análise proposta frágil, simplista e provavelmente equivocada.

Referencias Bibliográficas:

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5. Hoang, Jenny K., Hoagland, Luke F., Colemanet al. Prognostic Valueof Fluorine-18 Fluorodeoxyglucose Positron Emission TomographyImaging in Patients With Advanced-Stage Non-Small-Cell LungCarcinoma. J Clin Oncol 2008 26: 1459-1464

Michaela A. Dinan, Lesley H. Curtis, William R. Carpenter, Andrea K. Biddle, Amy P.

Abernethy, Edward F. Patz Jr, Kevin A. Schulman, and Morris Weinberger

Comentado por: Adelina Sanches, Diana Solano e Carolina Cruz.